Para a Marisa
Dizem-me por vezes que é absurdo o Universo, que a vida não tem sentido. Mas não é um sentido o que procuro, nem uma explicação ou uma promessa, senão o estar aqui, vivo e em equilíbrio comigo. Como aquela garrafa que avisto na praia, uma simples garrafa que aguarda que suba a maré, que a levará à deriva ou talvez para algum destino que escolha. Gosto deste simples abandono, sim, a palavra justa será abandono, a doce renúncia que me proclama dono e senhor do meu caminho. Hoje sinto vontade de deixar a outros as tarefas deste mundo, e que o meu mundo seja a magia desta tarde, e dos sonhos que ardem dentro do meu coração. Quero deitar-me no areal e sentir a quietude de Outubro pousar sobre mim, essa subtil penumbra outonal, e saber que ninguém virá interromper a minha tarde. Quero viver o que sinto dentro de mim, não quero sobressaltos, nem vozes, nem horas marcadas. Agora sei onde está o meu equilíbrio, agora sei que vive dentro de mim algo que é mais vivo do que a vida que vivi.
4 comments:
é bom receber a tua visita. um abraço, K.
momentos bons, os das revelações!
Cheguei aqui de blog em blog. A verdade é que me sinto agarrada, como se quisesse continuar a virar páginas de um livro ou a descobrir uma alma. Apetece-me estender a mão para o telefone e ligar-te como se fosse a coisa mais natural do mundo. Perguntar tudo e contar tudo.
Resta-me agradecer pela companhia. Que me absorveu. E que fez com que escrevesse o meu primeiro comment num blogue de alguém que não conheço, nem virei a conhecer. Mas fica um sorriso
Que bonito... que sorte, a da Marisa. Beijos, menino, vem visitar-nos alguma vez.
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