Wednesday 19 August 2009

Voltarei para buscar


Tioman Island, Malásia. Fotografia de K.


Um dia, talvez um dia. Numa praia deserta, com o sol dourado a reflectir-se no mar, ressuscitarei. Virei como a Sophia buscar os instantes que não vivi junto do mar. Voltarei pela memória de alguém que ainda viverá dentro de mim, mesmo depois do fim de tudo, mesmo depois das nossas vidas já terem passado. E ela é tão bonita que valerá a pena voltar sempre, para além das dores que enchem o coração, para além do eco miserável do adeus. Sim, valerá a pena viver o que não pudémos viver antes, a calidez das águas tropicais, a magia salgada de um beijo no mar, a voz doce e suave dos momentos sonhados... Ressuscitarei para encontrá-la, para que o seu riso seja a mais bela poesia do mundo e não ter mais que imaginar o que seria se tivéssemos um dia. Virei para abraçá-la sob a noite estrelada e para sentir as ondas quentes do mar abraçar os nossos corpos e saber que em nós está tudo. Sim, um dia ressuscitarei para a eternidade desse momento em que estamos juntos, e toda a vida sorrirá porque nunca mais estaremos separados dela.

Tuesday 4 August 2009

Para os que estaremos sempre lá, por muito longe que estejamos

S. Pedro de Moel ao entardecer, Agosto de 2002. Fotografia de K.

Venham abraçar-me agora, eu nunca parti deste lugar. Nunca vos deixaria sozinhos, com o silêncio do entardecer a cair sobre as tardes quentes e as vossas vozes que ainda ouço na distância. Hoje já não estamos juntos neste lugar, nem as manhãs têm o vosso rosto, nem a brisa sussurra os nossos nomes na maré-baixa. Mas em cada final de dia de Agosto estaremos de novo juntos, e quem quiser poderá encontrar quem fomos na rua da Saudade, na rua dos Naturais ou na rua dos Amigos de S. Pedro de Moel. No aroma dos pinheiros, no perfume do mar salgado ou na suavidade do areal. Outros vivem nos espaços onde passámos, gozam do mar onde nos banhámos, fazem ecoar de novo no espaço os risos. Já não são os nossos. Talvez nunca voltem a ser. Provavelmente não o serão jamais. Mas naquele espaço-tempo ficou uma marca de eternidade, de cumplicidade, de juventude. Uma promessa de regresso mesmo quando o último de nós já não estiver, nem já ninguém contar os dias, nem houver ninguém que caminhe sobre as areias douradas sonhando com os dias de felicidade atlântica. Ainda assim, estaremos sempre lá, meus amigos.