Wednesday 28 May 2008

Citrinos

Caipirinha. Barcelona, Maio de 2008. Fotografia de V.B.

Verde chegas aos meus sentidos, com a lima como aroma da tua boca. Toda a vida te sai dos poros, sumo recém espremido, polpa de alegria, o cabelo claro ondulando ao sol. Danças, animada pela brisa que acaricia o teu corpo, como uma palmeira inclinada para o mar. Desces as escadinhas em direcção à areia e estendes-te na praia, e sabes que aí te encontrarei. Caminho até ti, pela margem dos beijos, num areal de silêncio, num vento sem escalas. Para, como um citrino, madurar-te entre as sombras.

Monday 12 May 2008

Para a Sara, que se acreditou eterna no que dava

Sara. Barcelona, Julho de 2006. Fotografia de K.


Às vezes tudo se esclarece num instante, num ápice de lucidez. Num golpe súbito vês o que fizeste e apercebes-te, absorta e espantada, que outra coisa muito diferente surge diante dos teus olhos. O que tiveste do amor não era amor, mas apenas o resplendor mortal de uma carícia, que não advertiste enganada pela sua mentirosa doçura. E depois veio a triste desilusão. Para sempre amaste uma pessoa sem saber ou intuir que te enganavas, acreditando que eras eterna no que davas, até que um dia te encontraste sozinha. O sonho foi tão necessário para ti como as lágrimas que caíram depois dos teus olhos, quando desfeita a ilusão o sol se escondeu para sempre e tu ficaste abandonada como um brinquedo esquecido.