
Às vezes tudo se esclarece num instante, num ápice de lucidez. Num golpe súbito vês o que fizeste e apercebes-te, absorta e espantada, que outra coisa muito diferente surge diante dos teus olhos. O que tiveste do amor não era amor, mas apenas o resplendor mortal de uma carícia, que não advertiste enganada pela sua mentirosa doçura. E depois veio a triste desilusão. Para sempre amaste uma pessoa sem saber ou intuir que te enganavas, acreditando que eras eterna no que davas, até que um dia te encontraste sozinha. O sonho foi tão necessário para ti como as lágrimas que caíram depois dos teus olhos, quando desfeita a ilusão o sol se escondeu para sempre e tu ficaste abandonada como um brinquedo esquecido.
10 comments:
Existe outra maneira de dar, senão essa?
:)
Mas se déssemos a pensar sempre na retribuição, seria dar?
:)
É muito pobre quem (já?) não acredita na mais pura eternidade, oculta mas presente, exactamente aquela que está inerente a qualquer dádiva, a qualquer sonho.
E triste, muito triste, a comparação do final deste post...
Nem sei de quem ter mais pena, se do eu que escreve, se do tu escrito...
Bárbara
isto é bom bom bom, lindo lindo lindo!
«O que tiveste do amor não era amor mas apenas o resplendor mortal de uma carícia.»
(caramba)
(acho que ainda venho aqui pedir-te autorização para o citar lá no meu tasco)
(deixa-me pensar)
beijo
Legal o teu blog.
a (quase) impossível eternidade,
mesmo acreditando nela.
...
abraço
Bárbara, acredito nessa eternidade, por muito difícil que seja alcançá-la. Tu mesmo a definiste melhor que eu: "oculta mas presente, exactamente aquela que está inerente a qualquer dádiva, a qualquer sonho".
Estas palavras, no entanto, surgiram ao ver a relaçao de uma amiga que buscava o seu sonho onde nao havia nada além de indiferença e mentira. A dádiva, o sonho, compartem-se. Foi necessária na altura esta ascensao e queda, este abandono, para poder ver as coisas claramente. Se a comparaçao te pareceu triste, nao queiras imaginar o que foi vê-la tornar-se real.
Os teus textos são fabulosos!
Um livro por favor!
assim se ama
Muito bem escrito e muito bem descrito.
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