
O tom moreno das tuas pernas e o sal do mar no teu ombro direito são a melhor recordação de um sábado vivido sem pressas, que chegou sem se fazer notar, como um amigo tímido e discreto. A noite anterior fora caótica e agitada, mas nesse sábado apareceste na praia tranquila, vestida nesse teu estilo peculiar, com a tua extravagante maneira de gostar de mim e essa secreta força que comanda o rumo da tua vida. Sob o sol escaldante de Setembro oferecias-me inesperadamente a memória de lábios húmidos, o tacto de uma pele de veludo e o ardor de uma chama interior, onde me queimaria sem hesitar. No céu, o adejar das gaivotas e nuvens brancas que flutuavam sem rumo. As tuas pernas morenas, o olhar decidido que desafiava o meu olhar tranquilo, o segredo que as mulheres jovens levam dentro e passeava insinuante no teu sorriso. Sentia-te respirar junto do meu pescoço e parecia que uma obscura verdade descobria o seu véu, ouvia as ondas a rebentar na areia e sentia a areia entre os dedos da minha mão. Pensei que talvez tudo na minha vida fosse efémero, que as coisas boas nunca me duravam muito tempo e resolvi abandonar-me no suave refúgio dos teus braços. A brisa marinha fazia esvoaçar docemente os teus cabelos e foi nesse momento que deixei de pensar e disse o teu nome.