Parc de la Ciutadella, Barcelona, Julho de 2010. Fotografia de K.
A tarde é esmagadoramente abrasadora. A sombra da grande árvore e a proximidade do lago do Parc de la Ciutadella dão algum conforto à omnipresente sensação de calor. Na relva verde a luz passeia em todo o seu esplendor, as crianças e as árvores são imagens desta paz estival que me invade, e sei que aqui posso meditar e encontrar o vazio que procuro. Fundo-me com o que me rodeia, as imagens e os sons tornam-se meras recordações na minha mente, a vida do mundo um eco ancestral que se esvai. A liberdade da meditação é uma realidade agora, o pensamento e o sentimento são asas de uma consciência que está agora livre e prescinde deles.
O vazio preenche-me. A solidão emerge das cinzas da memória, feita de cinzas e memória, uma solidão sempre crescente, interior. E neste isolamento interior, no absoluto abandono de tudo eu alcanço o que busco. Esta solidão espontânea é algo que todos temos dentro de nós, una connosco, inseparável do resto do nosso ser. Estou aqui, mas já não estou aqui. O meu corpo permanece na sombra verde do parque, sentado na relva, com as crianças a brincar e a rir ao meu redor, mas a mente está sozinha. É um isolamento que o cérebro cria, uma postura de introspecção e passividade, como algo dentro de mim buscasse uma imobilidade ancestral. Como se eu procurasse aquele momento original em que tudo é solidão, em que não há pressões nem influências, nem coisas más nem boas. O momento em que as cinzas que restam da chama da vida se elevam, e a morte do passado acontece. Nessa altura começa uma viagem infinita pelo desconhecido e, na pureza do incomensurável, nasce a liberdade.
A tarde é esmagadoramente abrasadora. A sombra da grande árvore e a proximidade do lago do Parc de la Ciutadella dão algum conforto à omnipresente sensação de calor. Na relva verde a luz passeia em todo o seu esplendor, as crianças e as árvores são imagens desta paz estival que me invade, e sei que aqui posso meditar e encontrar o vazio que procuro. Fundo-me com o que me rodeia, as imagens e os sons tornam-se meras recordações na minha mente, a vida do mundo um eco ancestral que se esvai. A liberdade da meditação é uma realidade agora, o pensamento e o sentimento são asas de uma consciência que está agora livre e prescinde deles.
O vazio preenche-me. A solidão emerge das cinzas da memória, feita de cinzas e memória, uma solidão sempre crescente, interior. E neste isolamento interior, no absoluto abandono de tudo eu alcanço o que busco. Esta solidão espontânea é algo que todos temos dentro de nós, una connosco, inseparável do resto do nosso ser. Estou aqui, mas já não estou aqui. O meu corpo permanece na sombra verde do parque, sentado na relva, com as crianças a brincar e a rir ao meu redor, mas a mente está sozinha. É um isolamento que o cérebro cria, uma postura de introspecção e passividade, como algo dentro de mim buscasse uma imobilidade ancestral. Como se eu procurasse aquele momento original em que tudo é solidão, em que não há pressões nem influências, nem coisas más nem boas. O momento em que as cinzas que restam da chama da vida se elevam, e a morte do passado acontece. Nessa altura começa uma viagem infinita pelo desconhecido e, na pureza do incomensurável, nasce a liberdade.
5 comments:
Grande percurso para encontrares a liberdade...
Por mim acho que ass coisas são muito simples. :) És tão jovem!
As coisas sao muito simples. Disseste tudo.
«um só olhar
pode ser uma voz não dita.
para acumular dores
o mais das vezes
bastou um desamor.
sei: a solidão
ecoa de modo muito silencioso.
sei: muita silenciosidade
pode reciprocar
verdadeiros corpos num amor.
um só silêncio
pode ser nossa voz não dita
ainda nunca dita.
para ecoar um silêncio
bastou gritarmo-nos para cá dentro
num gritar profundo.
já silenciar um eco
é missão para uma toda vida:
exige repensação da própria existência.»
«Que sabes tu do eco do silêncio?», in Há Prendisajens com o Xão, de Ondjaki
:)
Que bonito... obrigado, não conhecia...
:)
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