Espero um sinal de aviso, eu que tantas vezes escrevi as palavras secretas num papel, as gravei num grão de areia com a força da ilusão. Espero esse teu sinal. Iluminado por um halo de luz, como quando um grande navio cruza a costa diante das poderosas escarpas, ou quando na noite escura se incendeia a tenda de um circo oriundo de um país longínquo. Espero, impávido no entardecer, sob a memória de tribos antigas que percorreram intermináveis jazidas de carvão de ignotas minas, sob o olhar do tigre inclinado que parece apoiar-se nos últimos raios de sol. Espero um aviso, uma voz ou um assobio, entre os rios de imensos canaviais, e a opulência das montanhas verdes perdidas no horizonte. Procuro-te em todos os cantos do mundo, com uma tocha procuro em vão alumiar os vidros embaciados onde pudesses ter deixado o sinal mágico do teu segredo. Posso esperar, como sempre o fiz, sozinho ao entardecer, nestes dias em que não te deixam cruzar o umbral da ponte do meu rio, nem me deixam seguir pelos caminhos as linhas secretas das pedras do teu vale.
3 comments:
Ninguém escreve assim... lindo.
Tão lindo!
"com uma tocha procuro em vão alumiar os vidros embaciados onde pudesses ter deixado o sinal mágico do teu segredo" ---> "encosto o pensamento contra a vidraça/ uma estrela faria toda a diferença"
o q procuram os poetas, senão o q os transcende, pela sua simplicidade?
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